«Jesus mandou aos seus discípulos que fossem para a outra margem» (cfr. Mt 14, 22)

A partir da passagem evangélica que narra a passagem dos discípulos de uma para a outra margem, a mandato de Jesus de Nazaré, o Santo Padre convida a encontrar nela o itinerário da vocação de cada jovem.

O Papa Francisco a partir de três palavras – gratidão, coragem e louvor -, expõe os sentimentos que invadem o coração daquele que seriamente faz o percurso de encontro com Jesus Cristo e se decide a oferecer toda a sua vida, reconhecendo que só n’Ele encontrará a realização plena da sua existência.

A gratidão manifesta-se no coração de quem se reconhece agraciado pelo dom da vida e do chamamento, que sente a luz nova que dissipou as trevas que ensombraram o percurso de descoberta vocacional e se encontra com o amor infinito de Jesus Cristo.

A coragem a que convida a pessoa de Jesus de Nazaré e que está inerente ao esforço que se exige a todo aquele que se queira ultrapassar nos seus limites, nas suas ideias e nos seus projectos, para se lançar na aventura segura e lúcida que se encontra na comunhão de vida com Jesus Cristo que continuamente nos segura pela mão.

O louvor que no dizer do Santo Padre «pretende ser também o convite a cultivar a atitude interior de Maria Santíssima: agradecida pelo olhar que Deus pousou sobre Ela, superando na fé medos e perturbações, abraçando com coragem a vocação, Ela fez da sua vida um cântico eterno de louvor ao Senhor».

É curioso que estes sentimentos que são despertados na caminhada vocacional, segundo as palavras do Papa Francisco, inserem-se num contexto que começa pela tribulação. De facto, a vida pessoal, sobretudo quando se coloca a sério a opção cristã em seguir a Cristo, gera o desconforto de deixar as seguranças próprias para seguir o Mestre.

De facto, «esta aventura não é tranquila: cai a noite, sopra o vento contrário, o barco é sacudido pelas ondas, e há o risco de sobrepor-se o medo de falhar e não estar à altura da vocação».

Contudo, há uma certeza, não estamos sozinhos, Jesus de Nazaré que chama e que envia, está connosco e faz caminho vocacional connosco, partilhando dos nossos sonhos e inquietações, dúvidas e projectos, mas sobretudo segurando-nos pela mão.

Este ano estamos a celebrar esta semana das vocações em contexto de tribulação, no qual sobressaem muitos medos, perplexidades e dúvidas sobre o futuro. Saibamos iluminar este tempo com a Sabedoria do Evangelho e aproveitar o silêncio, o recolhimento e a interioridade para nos colocarmos junto de Jesus de Nazaré, o Amigo permanente dos jovens, para nos deixarmos conduzir por Ele.

Aceitemos o convite que Jesus nos lança a todos e cada um para segurarmos a nossa vida na Sua Vida, tendo a coragem de colocar a nossa mão na Sua mão.

Estamos a iniciar um tempo novo, em todas as dimensões da vida pessoal e social, que certamente nos colocará mais perto de Jesus de Nazaré e mais despertos para escutar o Seu apelo amoroso a segui-Lo.

Que seta semana de oração pelas vocações seja aproveitada prioritariamente na família para orar, dialogar e despertar em cada criança e jovem o valor de seguir o chamamento de Jesus Cristo; convido os catequistas a contactarem com os seus catequisados, crianças e jovens, através dos meios possíveis, ajudando a reflectir sobre o seu itinerário vocacional; exorto os jovens, pessoalmente ou em grupo, a aprofundarem o chamamento que Jesus Cristo dirige a cada um, no amor e com o desejo de felicidade plena que só Ele poderá oferecer.

Aos sacerdotes, consagrados(as) e leigos empenhados na vida da Igreja, solicito que testemunhem com alegria a sua vocação em louvor ao Senhor que acompanha sempre a missão de quem envia.

Usando as palavras do Papa, sublinhamos que especialmente nesta Semana de Oração pelas Vocações, «mas também na acção pastoral ordinária das nossas comunidades, desejo que a Igreja percorra este caminho ao serviço das vocações, abrindo brechas no coração de todos os fiéis, para que cada um possa descobrir com gratidão a chamada que Deus lhe dirige, encontrar a coragem de dizer “sim”, vencer a fadiga com a fé em Cristo e finalmente, como um cântico de louvor, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro».

Votados para Nossa Senhora do SIM, rogamos «que a Virgem Maria nos acompanhe e interceda por nós».

 

 

+João Lavrador, Bispo de Angra e Ilhas dos Açores