Homilia de Dom António de Sousa Braga

4º Domingo de Advento 2015

(20 de Dezembro 2015, Missa de Acção de Graças – 100 anos d’ A Crença, Vila Franca do Campo)

 

1. A grande figura do IV Domingo do Advento é Nossa Senhora.

“Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor” – exclamou Isabel, aquando da visita de Nossa Senhora à prima.

“Feliz, porque acreditaste”!

E a partir daí, Nossa Senhora bendiz o Senhor reconhecendo que tudo é dom da sua graça, concedida gratuitamente.

Nossa Senhora recebeu muito do Senhor. E aceitou tudo. Ela reconhece-o no cântico do “Magnificat”:

– “O Todo-poderoso fez em mim maravilhas. (…) Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.”

2. Também nós, queremos hoje, nesta celebração de Encerramento das Comemorações do Centenário d’ A Crença dar graças por estes 100 anos de publicação: uma proeza digna de ser registada e comemorada.

Normalmente os jornais têm a duração de 40-50 anos. “A Crença” já leva 100 de publicação: com altos e baixos, perdurou no tempo.

Este acontecimento criou um tal dinamismo que faço votos que “A Crença” se difunda por toda a ilha de São Miguel e porque não, por toda a Diocese.

É bem conhecida a orientação editorial, marcadamente pessoal. Mas, ao fim ao cabo, o Semanário trata da vida pastoral da Igreja, o que é de grande utilidade para toda a Diocese.

O nosso Bispo Coadjutor, Dom João Lavrador, fala sempre de “fé insculturada”. Para comunicar e viver a fé, é preciso ter presente que a cultura de hoje se encarne na realidade actual, e se exprima dentro do quadro cultural actual. Dar respostas de fé à realidade que nos marca e circunda.

Faço votos que a “Crença” continue a ajudar-nos nesta comunidade. Nesse sentido, conviria que tivesse mais colaboradores, que trouxessem para o jornal a vida real da Diocese.

A diocese viu-se forçada a encerrar os jornais de papel e apostar na “internet”. Mas a nossa realidade objetiva de composição da população ainda exigiria o apoio de publicações em papel.

Neste momento, só “A Crença” é que poderia colmatar esta lacuna e prestar este serviço, pelo menos, à ilha de São Miguel, que tem mais de metade da população de toda a diocese.

3. “Sede misericordiosos como o Pai”!

É o lema proposto pelo Papa Francisco para o Ano Santo da Misericórdia, apenas iniciado.

Não esqueçamos, como explica o Papa, que para ser “Misericordiosos como o Pai” é preciso olhar para Cristo.

Ele próprio afirma: “Filipe, quem me vê, vê o Pai”. É que Jesus revela Deus-Amor, Amor, que teve a sua máxima expressão na misericórdia.

“Ter misericórdia” é a capacidade de “se compadecer”: “padecer-com”, pôr-se no lugar do outro, como Jesus, que se fez um de nós, para vir ao nosso encontro e connosco ajudar-nos a assumir a nossa situação concreta, como caminho de vida.

Não há misericórdia senão vamos ao encontro dos outros.

O Papa fala sempre de experiência pessoal da misericórdia, na celebração dos sacramentos e na prática das obras da Misericórdia.

Na quaresma, Ela vai instruir-nos sobre a concretização das Obras de Misericórdia.

+ António, Bispo de Angra