Homilia de Dom António de Sousa Braga

1º do Advento 2015

(29 de novembro, tomada de posse do Bispo Coadjutor, Dom João Lavrador)

É uma boa maneira de iniciar o Advento e preparar-se para o Natal, com esta cerimónia de tomada de posse de Dom João, como Bispo Coadjutor da Diocese de Angra.

 

  1. Na primeira leitura, o profeta Jeremias anuncia que Deus, fiel às suas promessas, vai enviar ao Seu povo um “rebento” da casa de David, para concretizar o sonho de um mundo de justiça, amor e paz.

O texto evangélico apresenta-nos na pessoa de Jesus o Messias prometido: «alegrai-vos, a vossa libertação está próxima». Aí está o Messias, que veio tornar possível um mundo novo, onde haja lugar para todos, na luta da vida.

A segunda leitura constitui um apelo a acreditar neste mundo novo, procurando dar o nosso contributo, para que ele se torne uma realidade: «O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos… Recebestes de nós instruções sobre o modo como deveis proceder para agradar a Deus e assim estais procedendo; mas deveis progredir ainda mais».

  1. Senhor Dom João, agradecemos a sua disponibilidade em ter aceite a proposta do Papa Francisco para servir a Diocese de Angra. Conhecendo a situação dos seus pais, foi um grande ato de coragem e de generosidade, be na linha do seu ideário: «Tu segue-Me»!

Vai nessa mesma linha o que propõe no livro que publicou, nestes dias, sobre «A Missão da Igreja no Mundo». É uma graça a sua vinda para a Diocese. O lançamento do seu livro – «A Igreja em diálogo com o mundo» – exprime uma consciência muito viva dos grandes desafios da presença e ação da Igreja no mundo de hoje, a partir, precisamente, dos que mais precisam de carinho e de misericórdia. “A intenção do autor, lê-se no prefácio, é ajudar o leitor a ser protagonista da evangelização num mundo em mudança, comprometido com a missão da Igreja, mais do que espetador passivo do que acontece.

Além de toda a experiência, que traz da Diocese do Porto e da sua colaboração na Conferência Episcopal Portuguesa, na Comissão Episcopal dos Meios de Comunicação Social e da Cultura, traz-nos uma ligação muito especial à Mensagem de Fátima, tendo sido Capelão do Carmelo de Coimbra, privando, portanto, assiduamente com a Irmã Lúcia. Por isso, consideramos uma graça para a Diocese a possibilidade de acompanhar a deslocação da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima pelos Açores, logo nos inícios do ano 2016.

  1. Irmãs e irmãos, caros sacerdotes, rezemos por Dom João Lavrador e por todos os Bispos. Escutemos as exigências do Ritual da Ordenação Episcopal sobre os Bispos:

«o Episcopado significa trabalho, não honra;

O Bispo, mais do que presidir, tem obrigação de servir. Segundo o ensinamento do Mestre, o que é maior seja como o mais pequeno e o que preside, como quem serve…».

E, se às vezes, tiver que presidir – de estar à frente – não é tanto para receber honras, mas para ser o primeiro a “apanhar”…

«Exorta os fiéis a colaborarem… e dispõe-se a ouvi-los de bom grado.

Cuida também daqueles que ainda não entraram no redil de Cristo. Porque também esses lhe foram encomendados no Senhor.

Não esqueças que pertences ao Colégio Episcopal… e não deixes de trazer contigo a solicitude por todas as Igrejas, sempre disposto a levar ajuda às mais necessitadas».

  1. «Sede misericordiosos, como o Pai»! É o lema, proposto pelo Papa Francisco para o Ano Santo da Misericórdia. Ora “ter misericórdia” é a capacidade de “se compadecer”, de “padecer-com”, como Jesus, que Se fez um de nós, para vir ao nosso encontro e de Se pôr no nosso lugar.

Para ser misericordiosos como o Pai, é preciso olhar para Jesus. Ele revela que «Deus é Amor», amor que tem a sua máxima expressão na misericórdia, que é a capacidade de “se compadecer”. «Filipe, quem Me vê, vê o Pai» – explicou Jesus – apresentando-Se, portanto como o rosto da misericórdia divina.

«Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai… Quem o vê, vê o Pai (cf Jo 14, 9). Com a sua palavra, os seus gestos e toda a sua pessoa (cf. Dei Verbum 4), Jesus de Nazaré revela a misericórdia do Pai» (Papa Francisco, Bula Misericordiae Vultus, 11 de Abril de 2015).

Rezemos pelo nosso Bispo Coadjutor Dom João e por todos os Bispos. E não esqueçamos o Papa na sua viagem a África.

+ António, Bispo de Angra

Sé Catedral de Angra, 29 de Novembro de 2015