«Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram» (1Cor. 15, 20)

Caros diocesanos

 

O Senhor Jesus Cristo ressuscitou, venceu a morte e restitui-nos a esperança e a vida. Eis o grande apelo que nos é oferecido com a celebração da ressurreição d’Aquele que se ofereceu totalmente para nos resgatar do mal, do pecado, do sofrimento e da morte. Apesar de todas as contradições, é tempo de alegria, de esperança, porque é tempo de saborearmos a vida na sua plenitude.

Celebramos a Páscoa de Jesus Cristo envolvidos num ambiente de perplexidade pessoal e social, amedrontados por tantos sinais de destruição e de ódio. Reconhecemos que a nossa cultura continua teimosamente a permanecer na morte, evidenciando os seus sinais e alimentando o seu poder destruidor.

Mas celebramos a Páscoa sintonizando com o coração amoroso de Deus que no Seu Filho nos revela que a vida tem sentido, que os sonhos mais profundos do ser humano podem realizar-se e que uma humanidade nova surge pela Ressurreição de Jesus Cristo que infunde a Vida em todas as Suas criaturas.

Na Páscoa volta a cantar-se o cântico do Amor. Após tanta tragédia e tanta ignominia que sobre Jesus de Nazaré se abateu, Ele mesmo revela na Sua pessoa que o Amor é Vida, é Ressurreição, é reconstrutor da nova humanidade.

Por isso, no meio da sociedade e do mundo em que vivemos, somos chamados a fazer esta experiência de renovação no Amor que nos conduz ao encontro com o outro meu irmão, que me entrelaça com uma comunidade, na qual me dignifico como pessoa, e que me leva até junto daqueles que necessitam de gestos de Vida para se reencontrarem com a realização dos seus sonhos da dignidade a que têm direito.

Em Jesus Cristo ressuscitado, podemos cantar Aleluias de esperança porque n’Ele nos sentimos envolvidos pela experiência de doacção total que gera a Vida que transborda para os nossos semelhantes.

Neste ano da misericórdia, acolhemos as palavras do Papa que nos exortam a confiarmos «a humanidade inteira e o universo imenso à Realeza de Cristo, para que derrame a sua misericórdia, como o orvalho da manhã, para a construção duma história fecunda com o compromisso de todos no futuro próximo» (MV, 5).

Apelo a todos os cristãos e pessoas de boa vontade para que sejam testemunhas, pela palavra e com gestos concretos, da Vida que se traduz no amor, na misericórdia, na partilha, na inclusão de todos os marginalizados e na expressão da verdadeira Sabedoria para construirmos um «novo céu e uma nova terra», dos quais se afastem os sinais de morte e resplandeça em todo o seu esplendor a civilização do amor

Apresento os meus votos de santa e feliz Páscoa a todos vós, homens e mulheres, crianças, jovens, adultos; mas com maior afecto para com os idosos, os doentes, os que vivem na diáspora, os presos e os desempregados.

Imploro de Nossa Senhora, Mãe e Rainha dos Açores, que acompanhou Jesus de Nazaré durante a sua vida, que sentiu a dor da Sua morte e se alegrou com a Sua Ressurreição, que a todos abençoe e nos conduza pelos caminhos de uma nova humanidade resgatada do mal, do pecado e da morte.

 

+João Lavrador, Bispo de Angra e das Ilhas